25 de outubro de 2011

Relações Públicas, imagem, e reputação - por que as marcas erram tanto?

O último deslize do mundo dos negócios: a C&A terá que pagar R$ 8 mil de indenização a uma cliente que foi chamada de "macaca" pela funcionária de uma de suas unidades no Rio de Janeiro. Segundo o site do jornal O Estado de S. Paulo, a supervisora da loja acusou a compradora de portar um documento falso, e, após rasgá-lo em frente a outras pessoas, chamou a mulher de "macaca" e "crioula".

Além da C&A, aconteceram vários outros erros de marcas com seus consumidores. Recentemente, a Pepsico teve problemas com a contaminação do Toddynho por detergentes, o que causou queimaduras em algumas crianças. Em entrevista a EXAME.com, o diretor da unidade de negócios do produto, Vladmir Maganhoto, afirma que a falha foi pontual e não irá mais acontecer.

E, em meio a tantos casos como esses, fica a pergunta: afinal, por que as marcas erram tanto? Na verdade, o aumento foi da exposição dos equívocos das empresas. O acesso facilitado à comunicação, sobretudo pelo uso das mídias sociais, tem exigido um valor essencial das organizações: a transparência.

Ora, isso não precisa ser negativo. Ser transparente é bom! Acredite, relacionamentos construídos em uma interação confiável e verdadeira são duradouros, e mais, admitem erros. Pense você, se um amigo de infância, extremamente querido, lhe deixasse na mão em algum momento de sua vida, causaria mágoa. Mas, após a explicação do que aconteceu e um sincero pedido de desculpas, tudo voltaria ao normal. Pois, uma amizade tão especial de anos não pode acabar em função de uma mancada. Ninguém é perfeito.

Ao passo que, ao sofrer uma decepção com alguém que você pouco sabe a respeito, nunca ouviu falar, ou simplesmente não vai com a cara, torna tudo mais complicado, e até um pisão na unha encravada se torna motivo para sérios rompimentos. O que faz a diferença é o conceito que temos daqueles que estão ao nosso redor. Nosso julgamento está vinculado ao histórico de ações, boas ou ruins, daquele indivíduo.

Aí está a diferença entre imagem e reputação. Cometer erros, apesar de poder ser fatal nos negócios, não é impossível, pois as empresas são formadas por seres humanos, e humanos erram! Porém, mesmo com sua imagem afetada, o que mais pesa na hora da crise é a reputação, ou seja, o conceito que o consumidor possui mediante o histórico de atos dessa organização. E, com as ações de comunicação adequadas, sempre é possível contornar delicadas situações.

É por isso, que o trabalho de Relações Públicas é importante, é isso que o RP faz - gerencia os relacionamentos da empresa com seus públicos de interesse para construir uma imagem forte. É com um trabalho estratégico de relacionamentos planejado pelo RP, e uma eficaz assessoria de imprensa feita pelo jornalista, que as marcas encontrarão o amparo necessário em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins.

E você, já teve alguma experiência ruim com alguma marca? Ou então, já passou por alguma situação difícil em que sua reputação foi julgada? Conte pra gente!

Até a próxima troca de ideias! ;)

15 de agosto de 2011

Prêmio Relações Públicas do Brasil

Existe alguma lei que regulamenta a sua profissão? Você participa de algum conselho de classe que trata de sua prática profissional? Essas são algumas questões que nos fazem pensar acerca do reconhecimento da profissão que exercemos em nosso país.
     Poucos sabem, mas o Relações-públicas tem sua profissão regida pela Lei n° 5.377 de 1967 que define suas atividades específicas, regulamentadas pelo Decreto n° 63.283 de 1968. Essa Lei disciplinou o exercício da profissão, sendo o Brasil o primeiro país a possuir uma legislação específica da área. Nessa época, o RP era registrado no Conselho Regional dos Técnicos de Administração, passando, posteriormente, a fazer seu registro no CONFERP - Conselho Federal de Relações Públicas, criado em 1969. Para obter esse registro, o profissional precisa estar habilitado pela graduação e ter seu diploma.
     Essa legislação impede que profissionais não preparados comprometam o trabalho de Relações Públicas, garantindo confiabilidade à área. Isso faz toda diferença, sobretudo no campo da comunicação, uma área extremamente informal do mercado. Isso porque, além de RP ser a única das três principais habilitações em comunicação que é regulamentada (RP, Jornalismo, e Publicidade e Propaganda), o mercado como um todo tende a enxergar comunicação como algo supérfluo, e, por vezes, dispensável de amparo técnico.
     Perceba que as pessoas jamais dão palpite ou questionam a orientação de um médico. Ou então, sempre optam por procurar um advogado ao invés de cuidar sozinhas de certas questões judiciais. E ainda, reconhecem que precisam de um bom arquiteto para construir suas casas, ao invés de projetar tudo sozinhas.   No entanto, em várias empresas encontramos gerentes e empresários que acreditam poder fazer tudo sozinhos. Afinal, por que eu contrataria alguém para cuidar dos relacionamentos de minha própria empresa? Eu sei fazer isso melhor do que ninguém! E é por isso que nós, relações-públicas, geralmente somos chamados quando a situação numa empresa encontra-se insustentável, ao ponto de uma crise.
     Eu não acredito que as pessoas façam isso por mal ou negligência, mas simplesmente pelo fato de que a comunicação é a ciência que está mais presente na vida da sociedade, mais do que todas as outras. Você não convive com a medicina, o direito, e a arquitetura todos os dias de sua vida, mas você vê a comunicação acontecendo ao seu redor a todo o momento, mesmo que não perceba. A comunicação é uma ciência tão presente que fica difícil entender que existam técnicos dessa área. Porém, nós somos os mais capacitados para lidar com essa ciência. Afinal, estudamos e nos preparamos muito para fazê-lo.
     É por isso que é tão importante termos iniciativas em nosso país como a do Portal RP-Bahia, que, com a Campanha Nacional de Valorização da Profissão de Relações Públicas, premia no Congresso da INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), desde 2006, os profissionais de RP que se destacam no mercado. O Prêmio Relações Públicas do Brasil, agora em sua sexta edição, premia diferentes profissionais de RP em várias categorias, como forma de reconhecimento pelo seu trabalho, tudo por meio de voto popular.
     E isso é muito especial! Se olharmos para trás e vermos que falamos de uma profissão que veio do exterior para se instituir no Brasil em uma de suas mais difíceis fases, a ditadura militar, quando pouco se entendia sobre o que era RP, e agora temos os profissionais dessa área sendo premiados por voto popular, podemos afirmar que já obtemos grandes conquistas de lá para cá.
     O prêmio, que será entregue na cidade de Recife em setembro desse ano, também tem uma categoria para estudantes de graduação, o que é mais especial ainda, pois já reconhece aqueles que optaram pela carreira em RP, sendo um estímulo ao jovem profissional. Eu tive a honra se ser indicado ao prêmio nesse ano, e estou concorrendo na categoria "Estudante de Graduação" por votos em uma frase que elaborei no Twitter, a qual conceitua RP: "Formar e influenciar pessoas por meio de relacionamentos, porque o negócio do Relações-públicas é gente!".
     Esperamos que, a cada dia, o mercado e a opinião pública como um todo reconheçam o trabalho significativo desses profissionais que lidam com algo tão presente em nossas vidas. E que mais iniciativas como a do Prêmio Relações Públicas do Brasil surjam para valorizar os comunicólogos.
     Você pode saber mais sobre o Prêmio clicando aqui.
     Ah, se você quiser votar em minha frase e conhecer as outras categorias existentes clique aqui. As votações vão até dia 22 de agosto. Ficarei muito feliz e lisonjeado se puder contar com o seu voto! ;)

Um forte abraço e até a próxima troca de ideias!   

10 de abril de 2011

Jornalismo se destaca na ESAMC Campinas

Nessa semana que passou comemoramos o dia do jornalista em 07 de Abril, e, em homenagem a esse profissional tão importante em nossa práxis social, faço uso desse espaço para destacar uma turma de futuros jornalistas que merecem atenção.

Eu sou o FuturoRP, fascinado por Relações Públicas, mas na ESAMC Campinas também estudo Jornalismo, pois essa é outra profissão que me interessa. Sempre quis ser jornalista, antes mesmo de saber o que é Relações Públicas, e hoje confesso que se fosse para escolher entre as duas profissões não saberia por qual optar. Não tenho uma favorita. É como pedir que você diga a quem ama mais - seu pai ou sua mãe? Impossível!

O jornalista é um profissional bastante conhecido, muito mais do que o RP, devido à sua presença em nossa vida diária. Apenas para conceituar, jornalistas são contadores de histórias, que traduzem o mundo às pessoas de maneira profissional, com técnica e talento, sempre trabalhando com a realidade, nunca com a ficção. São prestadores de serviço da informação, intelectuais donos de uma inteligência fina que busca informar para formar. São as pessoas que trazem até nós o que ocorre no mundo todo, que estão no Jornal Nacional, na Folha de São Paulo, na VEJA, na CBN, e em diversos outros meios de comunicação.

E existe uma turma de futuros profissionais como esses que estão se formando na ESAMC Campinas, e que possuem um futuro promissor, tamanho o talento e inteligência que possuem, turma essa da qual eu faço parte. Acompanhado de minhas belas amigas Suelyn, Camila, e Talita, vamos dia a dia descobrindo que para ser jornalista é preciso andar na contramão do mundo, acreditar num ideal quase impossível, enfrentar muitos desafios profissionais e pessoais, e ainda se sentir obstinado por tudo isso.

Estamos no 5º semestre e já aprendemos muito, já nos encantamos pela profissão, mas ainda temos um longo caminho pela frente de mais 3 semestres, onde aprenderemos muito mais. O curso da ESAMC ainda tem muito que melhorar, é verdade, mas o mesmo se destacou muito nos últimos semestres, e isso se deve ao fato da presença de uma profissional incrível em nosso meio, que atende pelo nome de Isabela Ruberti.

Isabela não teve um começo muito bom com a nossa turma como professora de Língua Portuguesa II, e foi simplesmente detestada por toda sua classe. Mas deixando esse passado para trás, no qual eu mesmo a critiquei duramente, pudemos ver essa professora brilhar quando passou a dar aulas para seus futuros jornalistas. Isabela tem um brilho no olhar que falta a muitos dos profissionais que nos dão aula, afinal, ela não está ali para nos ensinar Jornalismo, e sim para nos formar jornalistas. Ela fala da profissão como ninguém, cria em nós a gana que essa carreira exige, defende o nosso curso, passa por cima das aulas distantes e se aproxima daqueles que no futuro levarão a profissão da qual faz parte adiante. E Isabela entende tudo isso, e desempenha seu papel como ninguém, com maestria!

Sobre sua qualificação técnica não falarei, afinal, precisaria de muitos posts para isso. Mas você pode conferi-la clicando aqui. Graças a Isabela, estamos conquistando nosso espaço pouco a pouco na Faculdade, e uma dessas recentes conquistas é um espaço reservado só para o curso praticar redação, como numa agência de notícias.

Além disso, aproveito para divulgar mais uma conquista: a vinda de outro incrível jornalista para a ESAMC nessa semana que está começando. Trata-se de Fabio Gallacci, repórter especial do Correrio Popular, do Grupo RAC, que estará em nosso meio para dar uma palestra sobre o futuro do Jornalismo frente às novas mudanças em nossa sociedade. O evento, chamado de "Encontro de Jornalismo", acontecerá dia 12/04/11, às 19h30m, e os interessados podem se inscrever clicando aqui.

Deixo aqui, para finalizar, minhas expectativas de sucesso a essa turma de vencedores que brilharão no Jornalismo, minha admiração e respeito pela professora Isabela, e minha torcida de muitas futuras melhorias na estrutura de nosso curso na ESAMC. Afinal, não importa o que precisamos enfrentar, somos jornalistas, informamos para formar, e batalhamos para transformar!

Parabéns a essa turma que é O MÁXIMO!
(Foto de Wagner Oliveira - da esquerda para direita: Suelyn, Camila, Isabela, Talita, e Wagner.) 

9 de abril de 2011

LipDub ESAMC Sorocaba

Nessa sexta-feira aconteceu algo, no mínimo, interessante. Entrei no Twitter e vi que a hastag #lipdubesamc estava entre os Trend Topics do Brasil, que constituem um "ranking" dos assuntos do momento mais comentados no Twitter. Tratava-se do vídeo produzido pelos alunos de Comunicação Social do 7º semestre da ESAMC Sorocaba (@EsamcSoro), mostrando a faculdade ao som da música "Abra a felicidade", famosa nos comerciais da Coca-Cola. Para quem não sabe, o LipDub virou febre no mundo todo, com os alunos que mostram sua faculdade sob uma performance ao som de uma música.

     Fiquei curioso para ver o vídeo do LipDub finalmente feito por uma das unidades da ESAMC, então fui conferir o resultado. E não gostei. Já vi vários outros vídeos de LipDub de outras faculdades e achei que o da ESAMC ficou aquém dos demais, pois, por mais que a produção tenha ficado boa, não ficou atrativa, interessante, e muito menos inovadora. Além de repetir a música várias e várias vezes, os alunos apenas fizeram bagunça, não apresentaram nada de novo, nada que prendesse, de fato, a nossa atenção. Eu estava aos 3 minutos e meio do vídeo e não acreditei quando vi que o mesmo ia até 8 minutos, só terminei de ver porque era da ESAMC, do contrário, teria dispensado no mesmo momento.

Mas o acontecimento interessante veio depois que twittei minha opinião sobre o vídeo em meu Twitter (@futuroRP). Vejam o que twittei abaixo:



     Logo após ter feito essa crítica, recebi vários replies do pessoal da ESAMC Sorocaba me criticando, desafiando a fazer melhor, e xingando. Confesso que não esperava os xingamentos, logo de alunos da ESAMC, mas o objetivo desse post não é me defender dos comentários, afinal, meu Blog não é para isso. O objetivo é falar sobre Relações Públicas, e gostaria de comentar o fato de que recebi comentários criticando minha posição como Futuro RP. Vejam:


     Como esse Blog é destinado a tornar a profissão de RP mais familiar às pessoas, gostaria de comentar essas críticas que me fizeram, com as quais fiquei admirado, afinal, não esperava esses comentários de pessoas que, espero, saibam o que é um RP.

     Primeiramente, é um mal de grande parte dos comunicólogos a dificuldade de aceitar críticas. Isso é clássico! Todos adoram ouvir que a criação está ótima, que atingiu o target, que sua estratégia é boa... Mas detestam ouvir críticas. É claro que temos que reconhecer o esforço do pessoal, que reuniu 300 pessoas para produzir um vídeo que foi roteirizado e editado, mas isso não quer dizer que TODOS irão gostar. E mais: isso não quer dizer que o RP precise gostar, elogiar, e só "falar bem" para manter bons relacionamentos.

     Muitas vezes, é preciso criticar, reprovar, e apontar os erros de uma situação para refazê-la, e, é claro, ser melhor. Afinal, não é por meio de críticas que sabemos o que precisamos melhorar? Dizer que eu não tenho talento para ser RP ou que preciso estudar relacionamentos pelo fato de não ter gostado do vídeo não é uma boa argumentação, pois o RP não é um profissional "bonzinho" que procura "agradar" a tudo e a todos para construir boas relações, muito pelo contrário, o RP tem a transparência como princípio, e precisa ser verdadeiro para construir relações saudáveis.

     Além disso, as mídias sociais trazem à tona um fenômeno de comunicação com o qual as empresas precisam saber lidar: que é a possibilidade de interagir, de se manifestar acerca de um tema. Acabou o modelo hipodérmico da comunicação de massa, atualmente qualquer um que tenha acesso à internet pode expressar sua opinião. Frente às expressões de seus públicos de interesse, as empresas precisam ter bons RPs para monitorar essas interações e saber como se posicionar perante essas situações.

     Nesse caso, rebater comentários e criticar aqueles que se manifestam acerca de suas ações não é interagir de forma correta e saudável, e sim ir contra o objetivo da mídia social. Então, acredito que sejam os colegas da ESAMC de Sorocaba que precisam estudar relacionamentos e desenvolver talento para ser RP.

Além desses, tiveram aqueles que misturaram outros assuntos que não tinham NADA a ver com a coisa toda:


Tiveram aqueles que me desafiaram a fazer melhor:



E, lamentavelmente, tiveram os xingamentos:



     Enfim, pessoal. Esse case mostra uma ideia errônea acerca do comportamento nas mídias sociais e sobre o comportamento que as pessoas acham que um RP precisa ter. E, é claro, o mal de todo comunicólogo de não saber receber críticas.

Abaixo, deixo o vídeo para você dar a sua opinião. Ah, e fiquem à vontade para comentar, afinal, eu não vou xingar e nem fazer represálias às possíveis críticas.





Imagens retiradas de: http://twitter.com/#!/futuroRP 

27 de fevereiro de 2011

FuturoRP Interview - Claudia Maria de Cillo Carvalho

Eu, como um jovem profissional e futuro relações-públicas (com muito orgulho), sempre busco identificar boas oportunidades para fazer coisas grandiosas. E essa semana me surgiu uma oportunidade muito interessante: a de entrevistar um profissional de RP para um trabalho da faculdade.
     Pensei nos contatos que possuo com RPs já formados e atuantes no mercado, mas me surgiu uma vontade de conhecer alguém novo. E ninguém melhor do que uma grande RP que possui um brilho nos olhos que poucas vezes vi em qualquer outro profissional: Claudia Maria de Cillo Carvalho.
     Os RPs devem saber de quem estou falando, mas para quem não conhece estou falando de uma profissional que dedicou uma vida às Relações Públicas, que defende a profissão como todos nós deveríamos defender, e que inspira alunos há muitos anos. Claudia é diretora da Faculdade de Relações Públicas da PUC Campinas, faculdade na qual leciona desde 1983, e também Delegada do CONRERP na região de Campinas. E, mesmo sendo uma profissional tão importante, aceitou ser entrevistada por um estudante, isso logo no dia seguinte ao meu pedido.
     Claudia foi muito simpática e solícita, me surpreendi com sua atenção e carinho. Ela tem a grandeza de uma profissional experiente e cheia de bagagem para compartilhar, mas não possui a pompa que deixam muitos profissionais egocêntricos. Estar com ela é agradavelmente simples! Ela me recebeu na PUC logo de manhã na quinta-feira do dia 17 de Fevereiro, encontrei-a na sala dos professores e depois fomos para a Consultoria de Relações Públicas, onde sentamos e trocamos ideias. Nem me atrevi a segurar o gravador, como comumente faço em outras entrevistas, simplesmente o coloquei em cima da mesa e me preparei para aprender, afinal, já me esquecia do trabalho que tinha para fazer, eu queria mesmo era absorver tudo que podia. Despi-me de toda e qualquer técnica de entrevista que aprendi no curso de Jornalismo, afinal, queria, de fato, conversar com aquela profissional grandiosa.
     Claudia falava de Relações Públicas com orgulho, o tempo todo fazia alusão ao tempo que passou e como é hoje, antecipava-se às minhas perguntas e parecia adivinhar o que eu ia falar, mostrando o que é SER relações-públicas, e não ESTAR relações-públicas.
     Agradeço aqui pela fantástica oportunidade que ela me proporcionou. E só digo uma coisa: a Claudia É O MÁXIMO! Vamos à entrevista!




Claudia Cillo, a entrevistada.



RELAÇÕES PÚBLICAS É OUSADIA!

A frase acima é da relações-públicas Claudia Maria de Cillo Carvalho, e expressa em poucas palavras o brilho nos olhos que essa profissional possui. RP há mais de 30 anos, Claudia está na direção da faculdade de Relações Públicas da PUC Campinas, leciona nessa mesma universidade, e é também Delegada pelo CONRERP na região de Campinas. Profissional renomada e que defende a área de RP como ninguém, ela conta como foi dedicar uma vida a essa área, e fala sobre as perspectivas presentes e futuras para os profissionais que ainda estão para se formar.

Por Wagner Oliveira, o FuturoRP.


FuturoRPClaudia, sei que você é diretora da faculdade de Relações Públicas aqui da PUC, onde também leciona, e que foi recentemente nomeada Delegada do CONRERP da região de Campinas. Gostaria de ouvir de você quais são suas atuações como RP.

Claudia Cillo – Para falar o que eu faço atualmente, tenho que fazer uma retrospectiva daquilo que já fiz em termos de vida. Eu me formei no início da década de 80 aqui na PUC de Campinas, e desde que me formei sempre mantive vínculo com a universidade. Apesar de já ter trabalhado em empresas, algumas oportunidades surgiram para assumir cargos administrativos na universidade enquanto trabalhava nessas empresas, e foi difícil conciliar as duas coisas, pois o mercado exige muito do profissional e a universidade também. Então, tive que fazer uma opção de vida e ficar somente na vida acadêmica, e hoje estou na direção pela segunda gestão. Também há minha atuação com aquilo que eu mais amo fazer, que é ministrar aulas; sou professora há muito tempo, desde 1983. Além disso, no ano passado tive o privilégio de ser nomeada Delegada do CONRERP aqui da região de Campinas, que engloba 21 municípios da região metropolitana, mais Jundiaí e Piracicaba. E não me restringi apenas à PUC em Campinas, pois também implantei o curso de RP na faculdade de Americana, a FAM.
E também sou avaliadora do MEC, viajando o Brasil inteiro para fazer visitas de avaliações pelo INEP para reconhecimento, autorizações, credenciamento, e recredenciamento, de instituições com cursos de comunicação, mais especificamente do curso de RP.


FuturoRP – E como se dá seu trabalho como RP nessas atuações? Quais são os seus públicos de interesse e como é o relacionamento com eles?

Claudia Cillo – Hoje, todas as minhas ações são em torno das técnicas de relacionamentos que uso aqui na universidade com os nossos públicos, que é a essência do trabalho do RP. As ações que desenvolvemos aqui são de relacionamentos (como aproximar o aluno, como aproximar o funcionário, realizar treinamentos, relacionar-se com os professores, fazer pesquisas...), todas aquelas ações que aprendemos ser imprescindíveis para o RP também se aplicam à universidade.
     Existem alguns públicos que são tidos como prioritários em termos de instituição, como, por exemplo, os egressos, que é um dos públicos estratégicos, que são alunos que se formaram e hoje ocupam posições de destaque lá fora. Então, trazemos esses bons alunos para fazer palestras. Como públicos, também temos: professores, funcionários, alunos, pais dos alunos, egressos, a comunidade, e o próprio mercado de trabalho. Esses são os stakeholders com os quais nos relacionamos.
     Na Delegacia, o que tenho feito é como todo trabalho de RP - partir do início. Estou fazendo todo trabalho de levantamento dos profissionais dessa região afiliados ao Conselho e de todas as assessorias de comunicação existentes, para tentar fazer com que se cumpra a Legislação da profissão, ou seja, que somente os profissionais formados a exerçam.
     É dessa forma que venho exercendo o trabalho de relações-públicas, multiplicando informações, na verdade.


FuturoRPComo funciona o trabalho de RP na PUC e no CONRERP? Como é trabalhar nessas frentes?

Claudia Cillo – A PUC possui um departamento de comunicação com profissionais formados em jornalismo, publicidade e propaganda, e relações públicas, que cuida da comunicação da universidade. E tem o gestor e diretor de faculdade que é responsável pelo seu curso, que faz a proposta de relacionamento.
     Nessa semana, por exemplo, estamos em um período de acolhimento, e estamos fazendo várias atividades com os ingressantes. Fazemos também reunião com os pais desses alunos para apresentar a área de RP, e eles se surpreendem. Nós tínhamos um problema sério com os pais incentivando os filhos a largarem o curso, por desconhecimento da área, e foi muito legal ver os pais surpresos com o universo que o filho dele pode trabalhar.
     Além disso, no trabalho final de curso, os alunos têm um cliente real do mercado, e antigamente o contato com essas organizações só era feito por telefone, para saber como estava indo o trabalho. Mas percebemos que isso era muito pouco em termos de relacionamento, pois somente o aluno se relacionava com o cliente. Então, desde 2006, estamos fazendo um encontro com os clientes do projeto experimental, fazendo a interface da faculdade com essas organizações, trazendo o mercado para dentro da universidade.
     Já na Delegacia é um trabalho que não aparece, de bastidores, que não é capa de revista. Mas, a maior vantagem dele é a valorização e qualificação da área para a região, o que também beneficia o mercado de trabalho. Eu e o professor Eliasar de Oliveira Almeida fizemos um plano de trabalho e estamos executando dentro das possibilidades, ajudando o Conselho nessa missão de divulgação e fiscalização da área.


FuturoRPLevando em conta esse trabalho na universidade, você acha que existe uma realidade muito distante da faculdade para o mercado?

Claudia Cillo – Não, muito pelo contrário. Eu acredito que academia e mercado trabalham juntos. Não faz sentido para uma instituição não manter esse contato direto de diálogo com o mercado, afinal de contas somos responsáveis por preparar pessoas que vão assumir o mercado de trabalho. Por isso, a universidade não pode se limitar apenas à teoria sem a prática, mas também não pode focar só na prática sem a teoria. Pois, tudo que existe de prático precisa se fundamentar numa teoria. Então, eu não vejo essa separação, e sim uma aproximação e um diálogo constante. Só assim faz sentido.


FuturoRPAtualmente temos uma situação um tanto complexa para o profissional de RP, pois muitos desconhecem sua atuação, e, ainda por cima, fazem inferências erradas a respeito dela. O que você acha disso e como isso influencia o seu trabalho como educadora?

Claudia Cillo – Nós estamos na linha de frente! Somos espelhos, recebemos as pedras, porque o aluno está na instituição e não gosta de ver certas coisas acontecerem. Mas isso sempre aconteceu, quando comecei a ministrar aulas essa situação de desconhecimento era pior. É que hoje as coisas ficam mais evidentes, porque com a tecnologia e as redes sociais num piscar de olhos a informação está aí. Cabe ao professor orientar o aluno da melhor forma possível, porque ele ainda é inseguro e está aqui para adquirir confiança na profissão.
    Temos o bom e o mal em qualquer área, e será bom aquele que tiver competência, pois a seletividade não está na universidade no momento do vestibular, mas na saída do aluno para o mercado de trabalho. É o mercado quem faz a seletividade.
     Assim, nosso papel enquanto educador é duro, pois precisamos mostrar essa realidade para os alunos e incentivá-los a se posicionar. Mas isso também é algo antagônico, pois se de um lado temos reclamações de que ninguém conhece RP e que nossa profissão é desvalorizada, do outro temos organizações que nunca tiveram tanta necessidade de se relacionar com seus públicos, e isso é o âmago de nossa profissão. Veja como as organizações estão contratando profissionais de comunicação, porque elas entraram num patamar onde qualidade qualquer um consegue, ao preço qualquer um pode se adequar, então terá mais destaque aquela que melhor souber se comunicar com seus públicos. Aí vem a essência dessa necessidade do trabalho de Relações Públicas.
     Então, o educador não é só reprodutor de informação, trabalhamos com a vida e passamos conhecimento, esse é o diferencial do profissional professor.


FuturoRPOlhando essa situação frente ao fato de relações-públicas ser uma profissão regulamentada, você defende essa regulamentação?

Claudia Cillo – Relações Públicas é a única área da comunicação que é regulamentada! Somos o único curso da comunicação que, para exercer a profissão, é preciso o diploma do curso superior e do registro no Ministério do Trabalho. Analisando a história, podemos questionar se foi certo ou não regulamentar ou se foi precoce, mas precisamos entender o contexto em que essa regulamentação ocorreu, que foi por força de um governo militar. Mas, já que foi regulamentada, vamos trabalhar com isso! Eu sou defensora da Legislação, concordo que ela precisa ser revisada porque as organizações estão diferentes da década de 60, o mundo mudou muito, então isso precisa ser revisado. Mas desregulamentar nunca! Conseguimos? Então vamos continuar com ela.


FuturoRPSobre o ensino de Relações Públicas, o que você acha da formação dos profissionais atualmente e da escolha dos alunos pela área?

Claudia Cillo – Analisando o número de alunos participantes no ENADE de todas as instituições do Brasil, é perceptível que muitas têm tido seu número reduzido. Sabemos que no final da década de 90, início dos anos 2000, houve uma proliferação dos cursos de RP no Brasil, mas que hoje já estão fechando, porque não foi feito um estudo de mercado para ver se a região comporta o curso. Então, percebemos uma diminuição dos alunos nos cursos de RP. Por isso, acho que temos que diminuir a oferta de vagas nas universidades para formar profissionais mais qualificados, porque o mercado não vai absorver tudo isso. No Brasil, se formam praticamente 3000 alunos em RP por ano... Onde vamos pôr esses 3000 profissionais? Então, eu sou a favor mesmo de uma redução, para uma melhora na qualidade desses cursos. Eu, como avaliadora do MEC, percebo que muitos dos cursos nem deveriam existir, pela falta de aderência à área.       
     E acho que o jovem é muito imaturo para escolher a profissão com 17 anos, além de ser bombardeado pelos veículos de comunicação com as profissões da moda. A cada dia, as instituições de ensino superior criam cursos com nomes que nunca ouvimos falar. Assim, o coitado do estudante para escolher uma profissão fica perdido, e acaba colocando na balança o ideal e o rentável, como se isso pudesse se medir dessa forma. Porque só será rentável se for competente, e o aluno acaba deixando de lado aquilo que tem prontidão e habilidade para ser, escolhendo aquilo que o mercado diz ser bem remunerado, assim teremos muito mais profissionais frustrados e menos competentes. Eu acho isso muito triste.
     Mas hoje temos recebido muito mais ingressantes que sabem aquilo que querem. Acho que o acesso à informação tem contribuído muito, e apesar de existir aquela máscara de que ninguém sabe o que faz um RP, percebemos que tem um pessoal que está falando direito o que o RP faz, e que não escolhem o curso por ter um nome bonito.


FuturoRPO que você acha da confusão que o mercado faz acerca do trabalho de Relações Públicas? Hoje temos outros profissionais exercendo as nossas funções...

Claudia Cillo – Quem sempre falou em comunicação organizacional? Quem sempre defendeu a comunicação nas empresas? O RP! Hoje vemos jornalistas e publicitários trabalhando comunicação organizacional, mas o papel deles não é esse. Quem sempre falou em comunicação organizacional fomos nós! Quem tem toda essa visão estratégica das organizações somos nós! O profissional que está mais preparado para trabalhar com esse composto é o RP. Mas, também defendo a comunicação integrada, trabalhando cada um para fazer a sua parte nesse processo todo, pois o RP não é um super-homem que vai fazer todo o trabalho, ele necessita do trabalho do publicitário e do jornalista. Mas, infelizmente, algumas áreas acham que podem fazer tudo sem o profissional de RP.


FuturoRP Para terminar, gostaria de ouvir o que é ser relações-públicas para você e saber qual mensagem você deixa aos futuros relações-públicas, depois de tanto tempo formando profissionais.   

Claudia Cillo – Eu não sei o que faria se eu não fosse RP. Se eu tivesse que voltar atrás eu escolheria RP de novo, até mesmo porque hoje as tendências são melhores do que na época em que prestei.
     Posso dizer que Relações Públicas é ousadia! Aquele que não for ousado não fará nada! No trabalho de RP tem que ser muito ético e transparente, só se concebe um profissional de RP trabalhando com a verdade. Eu já passei por momentos em minha vida em que tive que escolher entre a verdade e a hipocrisia, e eu optei pela verdade. E deposito muita confiança nesses que, como você, estão se formando, porque vocês é que estarão em nossos lugares. Nossa missão é ceder lugares para os mais novos.
     Fico feliz por perceber bons frutos depois de ter dedicado uma vida às Relações Públicas. Acho isso muito enriquecedor! Posso dizer aos alunos que vão se formar para ter um ideal pela frente e jamais deixar de sonhar, porque nenhum sonho é impossível. Se você persistir, vai conseguir!
     A Vera Giangrande, que foi uma grande profissional de RP, falava que tínhamos que levar a profissão muito pelo lado “quixotesco”, de Dom Quixote, porque ele seguia sempre à procura de um sonho impossível. E acho que é isso mesmo, temos que ser um verdadeiro Dom Quixote da vida e buscar o melhor, o ideal!
     Desejo sorte a todos os futuros profissionais de RP e muita dedicação, porque vale a pena!         

6 de fevereiro de 2011

Renovando...

Quando é hora de mudar algo? Quando sabemos que está na hora de tornar algo diferente daquilo que é? Acredito que cada um tenha a sua própria resposta. Eu, particularmente, sou fascinado por inovação! Adoro olhar para algo, pensar em como fazer diferente, e perguntar "por que não?".
Mudamos várias coisas: a arrumação dos móveis de casa, a roupa para uma ocasião especial, e até nosso emprego. A necessidade de mudar surge quando sentimos que a renovação trará vida àquilo que fazemos, dando um up e gerando motivação para continuar.
E o Blog do FuturoRP também mudou! Se você já leu, ao menos uma vez, algum texto que escrevi, reconhecerá a imagem desse post. Esse era o plano de fundo do Blog, que hoje passou por um reposicionamento (mais sobre posicionamento? Clique aqui). Quando reposicionamos algo ou alguém mudamos seus objetivos e sua estratégia de colocação perante seus públicos de interesse, e, muitas vezes, juntamente vem uma mudança na identidade visual (mais sobre Id.Visual? Clique aqui).
É isso que aconteceu com o Blog do FuturoRP, que está de Identidade Visual nova! Essa identidade nova acompanha o novo posicionamento do Blog: um canal que busca tornar as Relações Públicas mais familiar, aproximando-as do cotidiano das pessoas, agora com textos mais leves, e também com um toque pessoal. O objetivo é que o Blog chegue mais perto dos leitores, usando pouco de textos técnicos e teóricos.
Confesso que lamentei abrir mão do antigo design, afinal, ele era o máximo! Essa imagem foi produzida pela minha amiga Paula Fernandes (@bypaula), futura e promissora designer, muito talentosa. Fico grato a ela!

Vem muita novidade por aí, pois tenho muito o que compartilhar com vocês! E vocês, o que têm para compartilhar comigo? Uma coisa não mudou: o FuturoRP continua adorando feedback!

Viva e comunique-se! Até a próxima interação!  

30 de janeiro de 2011

Identidade Visual II - As aparências enganam?

"As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam, porque o ódio e o amor se irmanam na fogueira das paixões...". Esse trecho da música da grande Elis Regina fala sobre o assunto desse post, e cita a máxima comum de que "as aparências enganam". Mas, ao falar sobre identidade visual, será que é possível afirmar que as aparências, de fato, enganam?
Sobre identidade visual, vale lembrar que ela é o conjunto de elementos gráficos que comunicam o posicionamento e/ou personalidade de algo ou alguém (para ler mais sobre identidade visual, clique aqui). Quando falamos em elementos gráficos, nos referimos a tudo aquilo que constitui uma aparência, que faz parte da identidade visual, e é essencialmente importante na comunicação. É a fachada de uma empresa, as vestimentas de uma pessoa, ou a embalagem de um produto. É primordial que se pense cuidadosamente nos aspectos externos, pois são eles que transmitem a ideia acerca dos aspectos internos, ou seja, comunicam a essência que existe no interior.
Isso quer dizer que os signos (conceito de semiótica) tangibilizam uma ideia, uma personalidade, e até um posicionamento, que são conceitos muito importantes a todos. Por exemplo, são as roupas que uma pessoa veste, bem como os acessórios que usa e o seu penteado, que passam uma primeira impressão de quem ela é; no caso de uma empresa, é seu material de comunicação que passa a credibilidade de seus serviços; enquanto que para um produto, é a embalagem que estabelece seu primeiro contato entre marca e consumidor.
Diante disso, precisamos repensar essa máxima de que "as aparências enganam", pois, querendo ou não, na maioria das vezes, o primeiro contato que realizamos sempre é o visual. Essa ideia da "enganação" é sustentada por conta do preconceito, ou pelo fato de que "nem tudo que parece é", ou que uma pessoa pode ser "bonita por fora e feia por dentro, ou vice-versa". Porém, por mais que esses casos existam, é preciso saber adequar sua imagem ao que, de fato, se é.
Por isso, é importante saber se vestir para uma entrevista de emprego, saber que roupa usar num jantar de negócios, qual cor usar para embalagem de seu produto, e definir qual será o design de sua logomarca. O RP, como um profissional que zela pela imagem de algo ou alguém, também trabalha, de maneira estratégica, a identidade visual de seu cliente, a fim de que a mesma seja condizente com seus valores.

E você, está cuidando de maneira adequada de sua identidade visual? Seu exterior condiz com seus valores, ideais, e personalidade?
É válido refletir a respeito, pois as aparências só enganam quando são mal trabalhadas!

Até a próxima troca de ideias! Um forte abraço!